“A bailarina de Auschwitz é a história inspiradora e inesquecível de uma mulher que viveu os horrores da guerra e, décadas depois, encontrou no perdão a possibilidade de ajudar outras pessoas a se libertarem dos traumas do passado.
Edith Eger era uma bailarina de 16 anos quando o Exército alemão invadiu seu vilarejo na Hungria. Seus pais foram enviados à câmara de gás, mas ela e a irmã sobreviveram. Edith foi encontrada pelos soldados americanos em uma pilha de corpos dados como mortos.
Mesmo depois de tanto sofrimento e humilhação nas mãos dos nazistas, e após anos e anos tendo que lidar com as terríveis lembranças e a culpa, ela escolheu perdoá-los e seguir vivendo com alegria. Já adulta e mãe de família, resolveu cursar psicologia.
Hoje ela trata pacientes que também lutam contra o transtorno de estresse pós-traumático e já transformou a vida de veteranos de guerra, mulheres vítimas de violência doméstica e tantos outros que, como ela, precisaram enfrentar a dor e reconstruir a própria vida.
Este é um relato emocionante de suas memórias e de casos reais de pessoas que ela ajudou. Uma lição de resiliência e superação, em que Edith nos ensina que todos nós podemos escapar à prisão da nossa própria mente e encontrar a liberdade, não importam as circunstâncias.”
Editora: Sextante
Autora: Edith Eva Eger
Ano da 1ª publicação: 2017
Ano desta edição: 2019
Gênero: Autobiografia
Páginas: 303
A Bailarina de Auschwitz foi escrito e publicado em 2017 por Edith Eva Eger, uma sobrevivente do Holocausto, uma sobrevivente de Auschwitz. Atualmente, Edith está com 97 anos e ainda atende pacientes em sua clínica na Califórnia. Nessa obra, ela relembra como era sua vida antes da guerra, durante a guerra e como conseguiu superar as atrocidades pelas quais passou, seguindo em frente com sua família nos Estados Unidos.
O livro começa com a autora contando sobre sua infância: seus pais, Lajos e Ilona Elefánt não eram felizes no casamento por conta de conflitos mal resolvidos em seus passados. Edith tinha duas irmãs mais velhas - Magda, a rebelde, era a primogênita enquanto Klara, a prodígio, era a do meio. A caçula era a “invisível”, a “confidente”. Por um lado, os pais colocavam pressão nas mais velhas, Magda para se comportar melhor, ser mais elegante, ser mais bonita; Klara para se aperfeiçoar cada vez mais no instrumento e se tornar uma famosa violinista; por outro lado, Edith era a pacificadora, era para ela que os pais desabafavam as frustrações, os sonhos perdidos da juventude…
Foi nesse ambiente que Edith cresce, sentindo sempre a necessidade de agradar as pessoas para que recebesse reconhecimento, para que se sentisse valorizada e amada. Ela encontra seu lugar no balé e na ginástica, entrando cada vez mais em harmonia com seu próprio corpo. Na adolescência, conhece Eric, um rapaz também judeu e que, assim como ela, fazia parte do clube do livro. Os dois se conectam através da leitura, da fé e da esperança de uma vida melhor depois da guerra. Eles começam um relacionamento sério, mas que infelizmente não sobreviveu ao Holocausto.
Treinando cada vez mais sério com o objetivo de entrar para o time olímpico da Hungria, em 1942 acaba sendo expulsa do time pelo simples fato de ser judia. 2 anos depois ela e a família são levados para um gueto - nessa época, Klara estava estudando violino em um conservatório em Budapeste, quando a situação piorou um dos professores ajudou ela a se esconder. Edith, os pais e Magda ficaram um mês no gueto, depois foram levado para uma fábrica onde também ficaram apenas um mês antes de serem levados para Auschwitz.
Ao chegarem no campo de concentração, os presos acreditavam que iriam apenas trabalhar até que a guerra acabasse, nenhum deles sabia que ao passar pelo portão que continha os dizeres “arbeit macht frei” (o trabalho liberta) a maioria estaria caminhando para a morte.
Separados em duas filas - direita e esquerda -, Josef Mengele (também conhecido como “anjo da morte”) decidia quem vivia e quem morria. Os que tinham idade entre 14 e 40 anos e podiam trabalhar iam para a direita, para a esquerda eram direcionadas as crianças, os idosos, mulheres grávidas e com crianças de colo, doentes e todos aqueles que não eram considerados aptos para trabalhar. Quem entrava na fila da esquerda era encaminhado para as câmaras de gás disfarçadas de chuveiro. Dizem que os gritos duravam entre 15 e 20 minutos…
Na fila, Mengele pergunta para Edith se a mulher entre ela e Magda era mãe ou irmã delas; assustada, Edith responde que era sua mãe. Ilona é levada para a fila da esquerda. Os homens também eram separados das mulheres - as meninas nunca mais viram seus pais.
As irmãs sustentavam uma a outra na sobrevivência. Em Auschwitz, Edith precisou dançar para Mengele, dar apoio a irmã, lembrar das últimas palavras de Eric e acreditar que os soldados viriam libertá-los. Quando o Exército Vermelho estava perto do campo de concentração, os nazistas destruíram diversas evidências e transferiram diversos presos para outros campos. Edith e Magda foram levadas para Mauthausen e, em seguida, para Gunskirchen na Marcha da Morte onde foram deixadas para morrer entre outros corpos.
Por algum milagre um soldado americano conseguiu encontrá-las entre os mortos - Edith pesava 32 quilos. A jornada para a recuperação a partir daí foi longa. As duas foram levadas para uma casa alemã onde poderiam se recuperar enquanto esperavam o “ok” para seguirem de volta para sua cidade - Košice. Elas precisaram reaprender a escrever, a andar e falar normalmente; fora os diversos problemas de saúde que haviam contraído como tifo, pneumonia, bactérias e uma coluna fraturada…
O período da recuperação foi árduo - mais de 50 anos e ainda lutando contra os traumas que foram deixados. Edith descobre que Eric e a família dele também haviam sido levados para Auschwitz, mas que ele havia morrido um dia antes da libertação do local. Ao voltarem para casa, as irmãs se reencontram com Klara, que havia sobrevivido a guerra sem ser levada para os campos de concentração. As três, então, tentam se reerguer mentalmente e financeiramente.
No caminho para o hospital nas montanhas de Tatra, Edith conhece aquele que viria a ser seu futuro marido - Béla Eger -, outro sobrevivente da Guerra. Ela tinha apenas 18/19 anos quando se conheceram, ele já tinha 27 anos. O homem não havia sido levado para os campos, mas ao ter sua família morta apenas por serem judeus, Béla se junta aos soldados aliados nas montanhas e participa das batalhas.
Quando, em 1949, os comunistas começam a perseguir seus opositores, as irmãs e suas famílias precisam fugir de sua terra mais uma vez. Klara e o marido - um rapaz judeu que Edith e Magda haviam conhecido quando retornavam para Košice - vão para Austrália; os amigos de Béla com suas esposas vão para Israel; Magda consegue patrocínio de uma tia que morava no Bronx e vai para os EUA; Edith, o marido e sua filha, Marianne, decidem ir para Israel, porém a mulher fica com medo da guerra que estava ocorrendo entre os judeus e os árabes e convence o marido a ir para os Estados Unidos também.
Nessa empreitada a família perde toda a riqueza que tinha, passam por diversas humilhações por serem não apenas judeus, mas também “greeners” - imigrantes que conseguiram o green card. São momentos difíceis em que não conseguiam trabalhos dignos e passaram por necessidades. Tudo isso enquanto Edith ainda tentava apagar as lembranças de Auschwitz - anos haviam se passado e ela se negava a falar sobre o que tinha vivido. O casal tem mais dois filhos, Audrey e Johnny, que nasce com paralisia cerebral atetoide. O relacionamento entre Edith e o marido fica cada vez mais difícil por conta das frustrações e das negações.
A família se muda de Baltimore para El Paso onde começam a prosperar - Béla consegue um trabalho como contador e Edith decide retomar os estudos interrompidos pela guerra. Ela faz um curso de inglês e decide estudar psicologia na faculdade. Depois de diversos momentos em que precisou interromper os estudos em favor de priorizar os filhos, Edith se gradua e também conquista seu doutorado alguns anos depois.
Ela se torna professora, divorcia-se do marido, começa a atender pacientes em um consultório e, ao tratar das pessoas que a procuravam, ela também se trata. Em diversas vezes Edith se reconhece nos problemas vividos por seus pacientes e, ao aconselhá-los e guiá-los na direção da cura, decide seguir o mesmo caminho - curando as suas feridas internas. Ela passa a falar sobre o que viveu em Auschwitz com os filhos e em palestras, ensina sobre a superação e o perdão - não em favor daquele que te feriu, mas em favor de si mesmo.
Edith e Béla reconectam-se e casam-se novamente, dessa vez não pela necessidade de segurança que veio depois da guerra, mas pelo amor que aprenderam a sentir um pelo outro. Ela passa a viajar o mundo ajudando as pessoas e apresenta, na parte final do livro, os relatos mais marcantes de sua carreira e como eles a afetaram e também a ajudaram a se tornar a melhor versão de si mesma.
Ao iniciar a leitura desta obra eu não imaginava o quão rico seria, o quão engrandecedor se tornaria essa experiência.
Ao ler uma obra inspirada em fatos reais, sempre pesquiso para aprender mais, entender melhor o contexto. O tanto que eu pesquisei sobre as pessoas mencionadas nesse livro e o tanto que eu aprendi. Como por exemplo, Josef Mengele - o Anjo da Morte - refugiou-se no Paraguai e na Argentina antes de vir para o Brasil, ele morreu em São Paulo em 1979 sem nunca ter sido julgado pelos seus atos de tortura.
Imagino que não deve ter sido fácil escrever esse livro e relembrar todo o sofrimento e humilhação pelo qual passou antes da guerra, durante a guerra e DEPOIS da guerra - pois para quem pensa que depois que a 2ª guerra mundial acabou os judeus conseguiram reerguer suas vidas tranquilamente, ledo engano meu caro leitor.
Mas também imagino o alívio que deve ter sido colocar tudo o que ela guardava internamente para fora, como a própria Edith explica: os sentimentos e as emoções precisam ser sentidos, eles chamam a sua atenção e quando não são atendidos, pressionam cada vez mais gritando “olha, eu estou aqui, eu existo, note-me!”. Como deve ter sido bom descarregar todo o peso do coração, deixá-lo limpo, sem nada a esconder.
Edith Eger não apenas conta sua experiência, mas ensina uma lição. Ao falar sobre os casos mais marcantes de sua carreira, ensina ao leitor a arte de superar, de perdoar, de se reerguer e seguir em frente.
Se você sente que tem algo te prendendo ou que não consiga superar, este livro é para você; ou ainda se você gosta de obras que retratem períodos históricos, esse livro é riquíssimo em informações e detalhes do que a autora passou em um momento real.
Fica a reflexão!
Não deixe de ir no post e comentar sobre o que achou da resenha ou então recomendar um livro! ;)
Ilona Elefánt
Inscreva seu e-mail para receber notificações com as novidades sobre o Blog.
Se você quiser mandar uma mensagem ou uma sugestão, clique no botão abaixo e acesse o perfil do Blog.
Ah, e não deixe de nos seguir!
We use cookies to improve your experience and to help us understand how you use our site. Please refer to our cookie notice and privacy policy for more information regarding cookies and other third-party tracking that may be enabled.