O Peregrino

O Peregrino relata a caminhada de um personagem identificado simplesmente como Cristão, um homem espiritualmente abatido que sai de sua casa em busca da salvação na Cidade Celestial. O caminho é realizado em etapas em que ele encontra vários personagens, que não são pessoas, mas alegorias para as tribulações, sofrimentos e lutas intensas que permeiam a vida dos crentes. Porém, acima de tudo, O Peregrino é uma obra de fácil entendimento, com uma narrativa simples, carregando um significado importante para os que caminham com Deus e para todos aqueles que buscam caminhar com Ele.”

Informações:

Editora: Casa Publicadora Paulista

Autor: John Bunyan

Ano da 1ª publicação: 1678

Ano desta edição: 2024

Gênero: Teologia

Páginas: 254

“Voltar é apenas morte; avançar é o medo da morte e da vida eterna além dela. Ainda vou adiante.”

Todos sabemos que a vida é uma jornada, por vezes árdua, e cheia de obstáculos que testam a perseverança e a determinação das pessoas de chegarem até onde querem. Em O Peregrino, John Bunyan retrata a vida do cristão e a sua peregrinação até a cidade Celestial com diversas alegorias que conectam o leitor à narrativa de maneira única.

Tudo começa quando o Cristão, que vivia na cidade da Destruição, lê um livro e percebe a perdição a qual sua vida estaria condenada caso permanecesse ignorando sua realidade. Sendo incompreendido por todos os seus vizinhos, amigos e sua própria família, decide peregrinar até a cidade Celestial em busca da salvação de sua alma. Ao sair da cidade, se encontra com o Evangelista, que o instrui sobre como agir e qual caminho seguir para chegar com segurança ao seu destino.

Dois vizinhos do Cristão tentam impedi-lo de sair da cidade, o Obstinado e o Flexível. O primeiro logo desiste, passando a zombar e maldizer o Cristão, porém o segundo se interessa pela jornada e decide acompanhá-lo em sua aventura. Não demora muito para que a natureza do Flexível venha à tona e ele abandone a missão, preferindo voltar para o conforto de seu lar a enfrentar os perigos que apareciam no caminho - como o Pântano do Desânimo.

Depois, o Cristão se encontra com o Sábio Mundano, que o aconselha a seguir até a aldeia onde moram Legalidade e Civilidade, para que estes pudessem retirar o pesado fardo que o peregrino carrega. Confiando no homem, o Cristão se desvia de seu caminho, porém é resgatado a tempo pelo Evangelista, que o exorta a voltar para a estrada da qual havia se afastado.

Continuando em sua jornada, o Cristão chega à casa do Intérprete. Lá, ele recebe diversas revelações e aprende mais sobre a importância de sua jornada e de suas decisões, e também sobre o fardo que carrega. Em seguida, o protagonista encontra a Cruz - é lá que seu fardo é aliviado, seus pecados perdoados e, por fim, recebe um selo o qual não deveria perder em nenhuma circunstância, pois aquela seria a sua chave para entrar no portão da cidade Celestial.

Sua jornada seria longa, ele sabia, mas agora a caminhada seria leve. O pior havia passado, era o que pensava…

“O que Deus diz é o melhor; de fato é o melhor; embora todos os homens do mundo sejam contra.”

O Cristão encontra outras figuras em sua jornada, pessoas que o mostrariam a importância de prosseguir em seu caminho ou tentariam desviá-lo dele. Era importante permanecer firme em seu propósito e não confiar mais em palavras vazias e enganações disfarçadas de conselhos.

Algumas das figuras retratadas por Bunyan são: Simples, Preguiça e Presunção, Formalista e Hipocrisia, Piedade, Prudência, Caridade e Discrição, o demônio Apollyon, Tagarela, Inveja, Superstição, Picareta, Malícia, Incompetente, Inimizade, Crueldade, Miserável, Apegado, Senhor Por Fins, Pretensioso, entre outros.

E alguns dos locais que o Cristão atravessa são: a colina da Dificuldade, o vale da Humilhação, o vale da Sombra da Morte, a feira da Vaidade, o prado Atalho, o Rio de Deus, o castelo da Dúvida (habitado pelo gigante Desespero), as montanhas Deleitosas, e outros locais.

O principal companheiro do Cristão era Fiel, os dois peregrinaram e aprenderam muito juntos até chegarem na feira da Vaidade, onde foram presos por se recusarem a fazer como os outros. Fiel foi julgado e condenado a morte, porém foi salvo e levado até a presença de Deus ao ser arrebatado. Nesse local, após ser solto, Cristão conhece Esperançoso, que havia sido tocado pelo sofrimento de Fiel e sua determinação por se manter firme em sua missão. Esperançoso decide partir também em peregrinação e se junta ao Cristão.

Os dois compartilham momentos difíceis e de desespero (como o período em que ficaram presos no castelo da Dúvida), mas também de tranquilidade e calmaria (como o descanso que tiveram nas montanhas Deleitosas). No meio de sua jornada, o Cristão e o Esperançoso cruzam com o Ateu, que havia perdido suas esperanças no meio da jornada, e outras figuras curiosas que mostram um lado obscuro da humanidade.

São diversos obstáculos até que cheguem na cidade Dourada e cruzem o rio da Morte. A experiência de Cristão é relatada em detalhes, seu sofrimento e desespero, suas dúvidas e medos…, mas ele enfrenta tudo e consegue sair vitorioso de mais esse desafio para, enfim, chegar ao seu destino: a Cidade Celestial. Sua entrada é permitida com o selo que havia recebido na Cruz, e ele e Esperançoso são vestidos com vestes de ouro e recebem harpas e coroas.

Ignorância, que havia seguido a jornada por atalhos e caminhos duvidosos, também chega à cidade Celestial. Ele tentou entrar pelo portão, mas não tinha o selo, por isso, foi expulso da bela cidade e encaminhado ao destino da perdição.

E, então, o narrador acorda de seu sonho.

“Mas sejam vocês fiéis até a morte, e o Rei lhes dará a coroa da vida.”

Essa foi sem dúvidas uma leitura com diversas revelações importantes.

John Bunyan, de maneira maestral, transforma características da personalidade humana em personagens importantes para a jornada do Cristão. Figuras que aparecem como empecilhos para atrapalhar e fazê-lo desistir de chegar até a sua salvação. Mas também figuras que o exortam, corrigem seus erros, guiando-o pelo caminho bom e justo.

Todas as alegorias retratadas na narrativa de O Peregrino mostram a realidade da vida de todos nós, o que faz com que o leitor se conecte com a obra de maneira sem igual e se veja na figura do protagonista em sua jornada.

Outro fato interessante é que esse livro traz notas de rodapé importantes para contextualizar momentos descritos e falas valiosas. Não só isso, mas também comentários ao final de cada capítulo para explicar mais profundamente o ensinamento presente naquele momento da história, tornando a leitura mais educativa e edificante.

É preciso, contudo, trazer os pontos negativos dessa edição. Durante a leitura, pude perceber diversas traduções erradas e equivocadas, além de problemas de edição e diagramação (letras maiúsculas e minúsculas trocadas, diálogos posicionados de maneira confusa - o que atrapalha o progresso da leitura - e, por vezes, o comentário do capítulo aparece misturado com o capítulo seguinte…).

Foi uma experiência instrutiva e, proveitosa e - inclusive - moralizante, porém conflituosa com os problemas editoriais.

Sendo assim, encerro esta resenha com uma simples resolução: recomendo a obra, porém não esta edição.

“Muito grande é o teu pecado, pois com ele cometeste dois males; abandonaste o bom caminho para trilhar caminhos proibidos; ainda assim, o homem no portão te receberá, pois ele tem boa vontade para com os homens.”

John Bunyan

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